Monday, August 24, 2009

Alemanha

Exposição permanente de caixas de correio, sede da DHL, Bonn

Estação de Colónia

Catedral de Colónia



8ºDia: 9 junho de 2009 – Bonn, Alemanha

Almoço com o Samuel e a Paulinha no edifício Sede da DHL. Ele Português, ela Brasileira, uma das melhores amigas da Mariana, a minha namorada, e daí a razão de eu estar em Bonn. Conheceram-se aqui em Bonn, dentro da DHL e começaram a namorar há aproximadamente 1 ano. A sede da DHL é conhecida como a Post Tower, uma torre "hi-tech" de 40 pisos que domina a silhueta da cidade e se projecta sobre o rio Reno. Almoço numa mesa com umas 12 pessoas, todos "trainees" (estagiários) da DHL e estão ali 10 nacionalidades diferentes. A Paulinha começa a apresentar-me as pessoas mas perco-me à segunda: Irina from Ukraine, Natasha from Russia, Li from Vietnam, Sui from China, Marta from Colombia, Jay from India... Almoçamos num ambiente completamente estilizado em que a própria comida sabe a plástico. Um ambiente internacional onde a língua falada é naturalmente o Inglês.
A Paulinha diz-me: “A comida aqui é uma m... não consigo mais comer essas paradas de laboratório”. Ela está em despedidas. No final desta semana vai voltar para o Brasil e de lá segue para a DHL do Cairo, no Egipto. Do almoço seguimos para o "Sky garden" no 30º piso da Torre, onde temos uma vista de 360º da cidade de Bonn, onde está uma exposição permanente de caixas de correio do Mundo inteiro e de todas as caixas da Alemanha ao longo da História. Tiro uma foto à caixa do período Nazi, vermelha e com um lettering bem 3º REICH.
Da sede da DHL sigo para a casa do Samuel, onde estou neste momento, ponho uma música chill-out e escrevo este artigo antes de seguir esta noite para Varsóvia na Polónia.


leituras: José SARAMAGO "A viagem do elefante"

Bélgica

Oudenaarde Country Club

Country Club Boys

Prova de cervejas

Waffle Belga

5ºDia: 6 junho de 2009 – Gent, Bélgica
Saio com o Seger no seu Porsche 911T de 1972 em direcção ao Country Club Oudenaarde para a nossa primeira aula de Golfe.
O Seger é um colega belga com o qual estudei, trabalhei e viajei aquando do meu estágio no Japão. Excelente arquitecto e designer, o Seger foi o único AUSMIP (Architecture and Urbanism Student Mobility Interchange Program) com o qual mantive contacto. Ele visitou-me no Algarve hà alguns anos e eu estou em Gent para conhecer a sua vida, amigos e família.
Os pais dele foram convidados pelo banco para uma apresentação de um produto e posterior aula de golf e cocktail no referido Country Club. Na altura que eles o comunicaram ao Seger eu estava lá e, sou convidado também... "Why not?" Muitos dos bons momentos em viagem surgem de convites inesperados aos quais temos de dar uma resposta rápida. Sim vou! Sem pestanejar.
Chegamos à entrada do Oudenaarde Country Club e um portão de ferro abre-se para um jardim imenso com um buraco de golfe paralelo à estrada e um lago que envolve o Club House, um castelo da realeza de 1847 no meio de árvores seculares de mais de 20 metros de altura. Dentro do Porsche ruidoso a ver aquele cenário sinto-me num filme antigo do James Bond. “What a perfect life you have!” ao qual ele responde “I never came here before”.
Trabalho ao lado de um campo de Golfe, desenho casas para Golfers e inclusive já desenhei um Club House, mas nunca tinha experimento jogar golfe.
Depois de toda uma explicação em neerlandês (Flamengo) da qual eu percebo muito pouco, passamos ao driving range para as primeiras tacadas. Percebo passado algumas tentativas de rebentar com a bola e o tapete que suporta a mesma que um "swing" controlado e curto a bola sai bastante mais precisa e pelo menos cai dentro do nosso campo visual. Daqui passamos para o buraco 1 onde o par é 4 mas a média da turma é de 8 a 17 tacadas com muita relva chacinada e bolas desaparecidas.
Voltamos, no entanto, bastante satisfeitos com o nosso "score" e com os pulmões cheios de ar puro para o Castelo, onde nos são servidos flutes de champagne e canapés de vieira, salmão e outros que não consegui reconhecer. Claro que tudo à conta do banco. Converso com os pais do Seger, com um empresário de Mármores, com a CFO do banco... Ali estou super “enturmado” com a élite da Flandrees a beber champagne num castelo do séc XIX, ao qual cheguei de Porsche. Não deixo de me questionar de como é que eu vim ali parar...

França

Metro de Paris

2ºDia: 3 junho de 2009 – Paris
Chego a Paris às 16h00. O céu está estranhamente limpo e a estação de Montparnasse está à pinha. Bebo o meu primeiro "café au lait avec un croissant" por uns dolorosos 4.20€ e apercebo-me que estou em Paris. Daqui sigo para a estação de metro de Miromesnil, onde fica a casa do Alexis. O Alexis, franco-brasileiro é um grande amigo do Marcelo, um grande amigo meu que fiz no Brasil quando morei no Rio de Janeiro e aquando de uma viagem deles a Portugal, hospedei-os em minha casa e fui o guia do Algarve que tanto prezo. E naturalmente quando pedi estadia ao Alexis ele mostrou-se automaticamente disponível para me receber.
Boulevard Haussman 127, uma porta pesada de madeira dá acesso a um hall exterior com um pátio ajardinado no final. O acesso aos apartamentos é feito através deste hall, uma disposição bem típica e bucólica dos prédios antigos de Paris, com um jardim privado para cada prédio. A Daniela, a porteira do prédio, percebe imediatamente o meu acento e passa a falar Português comigo. Estava à minha espera e abre-me a porta do apartamento do Alexis, um pequeno T1 com uma sala ampla e iluminada, uma cozinha aberta para a sala, um quarto e uma casa de banho.
Ele só chega ás 19h por isso aproveito para conhecer o Bairro. Passeios largos são ocupados por pequenas esplanadas cheias de gente a conversar, beber café, vinho ou cerveja. Gente bonita, casais apaixonados beijam-se despreocupados, executivos escrevem nos seus notebooks e blackberrys, mulheres muçulmanas conversam naturalmente com outros homens, algo inexistente no mundo árabe.
Boutiques, Pharmacie, Patisserie, Boulangerie, Restaurant e outros tipos de estabelecimentos exibem os seus nomes num Lettering típico Parisense em harmonia com as fachadas de pedra dos prédios dos sécs. XVIII e XIX. As ruas estão limpas e o trânsito flui sem buzinas. É um bairro bom, típico parisiense, multiracial mas cuidado, limpo, seguro. É a parte de Paris que vem nos postais e nas brochuras turísticas.

Portugal

Estação do Oriente - Lisboa

Estação de Vilar Formoso - Fronteira Portugal/Espanha

Dia 1: 2 junho de 2009 – Sud-expresso Lisboa – Paris
Embarco sorridente no comboio Sud-expresso, na Estação do Oriente em Lisboa. É uma terça feira e os passageiros do expresso para Paris são essencialmente “emigras” que dividem a vida entre França e Portugal. Sou dos poucos, senão único passageiro de mochila às costas.
Subimos ao comboio que faz esta ligação desde 1887, altura em que foi inaugurada como a primeira ligação rápida entre Inglaterra, França, Espanha e Portugal.
O sud-expresso é um clássico e uma referência para quem já fez ou vai fazer interrail, pois à excepção do Lusitânia para Madrid, é a única ligação ferroviária para fora do nosso país.
Paguei um extra para ir em couchette, alguns euros a mais para ir numa cabine fechada com 6 camas, lençois lavados e almofada. Sou o único na cabine até à proxima paragem. Olho pela janela enquanto envio as últimas mensagens de despedida através do telemóvel. A partir de Espanha desligo-o e ligo apenas esporadicamente para ver mensagens. Sou de opinião que Viajar é sem telemóvel ou blackberrys, laptops, msn. Uma das melhores regalias de viajar é a de ninguém saber onde andamos.
Entra o Califa na Cabine, um guineense sorridente que divide a vida entre Lisboa, onde tem mulher e duas filhas e Bordéus, onde trabalha a tempo inteiro. O Califa não vem sozinho. Com ele traz uma entidade que rapidamente se apodera de cada partícula de ar, e que acompanha fielmente o Califa para os corredores, bar e casa de banho, chamada Catinga. Como as carruagens são climatizadas as janelas estão seladas e eu tenho que me conformar com os novos hóspedes da cabine.
Nova paragem, novo hóspede na cabine. Trata-se de uma senhora de idade, obesa, de cabelo pintado e demasiado maquilhada, com um decote demasiado generoso para a sua idade. Traz várias malas e depressa me põe a mim e ao Califa a gerirmos o espaço para que todos os seus pertences fiquem debaixo da sua cama. De seguida, sem qualquer tipo de solicitação, começa a expor-nos toda a sua vida, de como estava doente e tomava 14 comprimidos por dia, de como o marido a tinha deixado por uma mulher mais nova, de como a filha já não falava como ela, de como não gostava do marido da filha... Assim que tentava focar a minha atenção no livro que tinha aberto na mão ela apressava-se a direccionar-me para o seu discurso para não perder pitada! Olho para o Califa em busca de salvação.
Nova paragem, novos hóspedes. Ouvimos gritos e correrias no corredor e o alvoroço vem na nossa direcção. Trata-se de uma jovem “emigra” com dois filhos, o Tomaz de 7 e a Emma de 3. Com a adrenalina ao máximo entram na cabine aos pontapés com as malas e a subir na escada que dá acesso às camas superiores. Ao monólogo da senhora idosa junta-se uma gritaria incessante pois a Emma está com medo e o Tomaz está no auge da energia aos pulos para cima do Califa ao mesmo tempo que se queixa do cheiro. A jovem mãe não dá conta das crianças e limpa o suor de desespero. São 17h30, saio da cabine: vou jantar!
Fico no bar até às 19h30, altura em que é servido o jantar, que faço acompanhar de bastante vinho para aguentar um novo round na minha cabine.
Volto mais tarde para a cabine insana, mas felizmente os pequenos já dormem, e o vinho ajuda-me a adormecer rapidamente.

leituras: Michael PALIN "Pole to Pole"