Saturday, October 17, 2009

Sri Lanka

Fachada da Loja Cargills, Colombo

Detalhe no templo Hindu Kovi, Colombo

Praia de Unuwatuna

Templo budista Gangaramaya Vihara, Colombo

Escola primária no Gangaramaya Vihara, Colombo

Fim de tarde em Hikkaduwa

Comboio de Colombo para Galle

Dia 108: 17 de Setembro de 2009 – Tangalle, Sri Lanka

8h00- Acordo com o som repetitivo e ao mesmo tempo explosivo das ondas que quebram a poucos metros da janela do meu quarto do hostel Ocean Wave. É engraçado como os nomes dos Hotéis, Resorts, Pousadas que estão perto do mar têm o mesmo nome em toda a parte do mundo, e como muito poucas vezes têm pouca ou nenhuma relação com a realidade: Sunset Beach hotel, Blue Ocean Hotel, Sandy Beach Hotel, Paradise Bay Hotel… Um hotel chamado Ocean Bay View pode, e muitas vezes é, um prédio em ruína com uma entrada lamacenta no meio de uma cidade portuária, em que, pela janela do quarto, isto se existir, vemos, não um coqueiro inclinado sobre areia branca, mas a roupa interior de alguém a secar num pátio interior húmido com musgo. O Ocean Wave, excepção à regra, é um achado, em que por menos de 4 euros por noite, adormeço e acordo com o som do beach break a menos de 50 metros da porta do meu quarto. Saio de dentro da rede mosquiteira, abro a janela, está um dia lindo, outra vez.
Mergulho e surfada matinal numa prancha alugada Match 7-7 que já viu melhores dias. Uma onda perfeita e curta quebra ao lado de um molhe construído após o tsunami de 2004 que atingiu gravemente toda a costa do Sri Lanka. Surfo sozinho, hoje, ontem e todos os dias que fico em Tangalle. Não há crowd, nem há sequer turistas. É época baixa e todos os hotéis estão vazios. Para agravar mais a situação da recuperação pós tsunami, os Tamil Tigers, um grupo separatista do norte do Sri Lanka atacou edifícios do Governo em diversos pontos do país. O exército Singalês contra-ataca, os media cobrem e fazem as machetes que vendem jornais e revistas por todo o mundo: Guerra, Sangue, Morte… no Sri Lanka. “They (turists) stopped coming after the tsunami, and when it was getting better, the Tamil Tigers frightened them. But this summer we hope they come again. We need them” Diz-me o manager do Ocean Wave esperançado com os próximos meses. A época alta começa em Novembro e vai até Abril/Maio, altura em que a Monção se prepara para tomar conta dos céus.
Tomo um pequeno-almoço de fruta, ovos, panquecas, tostas e café com leite. É tão bom, barato e servido num bungalow de sonho que até eu me sinto injustiçado ao ler isto. Menos de 2 euros para um festim deste género que me serve de pequeno almoço e almoço.
De barriga cheia volto para cybercafé para acabar de escrever o blog que comecei há uns dias atrás. Uma pequena sala no 1ºandar de um hotel serve-me de escritório nos dias que estou em Tangalle. Momentos depois ouço vozes de crianças na praia. Olho para janela do cybercafé para me deparar com uma multidão de crianças vestidas de branco, o uniforme da escola, com sacas de rede a apanhar o pouco lixo que havia na praia. Garrafas de plástico, sacos, latas são catados do areal com uma alegria extrema por parte dos pequenos. Para eles é um jogo de recreio. Desço para falar com a professora, também vestida de branco, de pele morena e sorriso imaculadamente branco, que me cumprimenta e responde num inglês colonial pausado:
"Can I ask you what are you doing?"
"We clin the beach!"
E começa ela a perguntar-me as perguntas da praxe: "Where from? Alone? Like Sri Lanka?..."
Volto à questão: "Why are you cleaning the beach?"
Ela responde-me de uma forma natural, como se fosse óbvio:
"We clin the beach because we want to show our respect towards the Sea.
Five years ago, we had the tsunami because we were littering our beaches, building too much and too close to the shore, killing sea animals for no reason. We were disrespecting the sea and he turned against us.
Now we teach our children to respect the sea. We are Buddhist you know!"
Entretanto um grupo de estudantes sorridentes começam a rodear-me e a fazer perguntas e a professora apresenta-me num misto de Singalês e Inglês. Pouco depois entram todos no autocarro da escola e fazem-me adeus.
Minutos depois fico sozinho a ver as ondas a quebrar em frente ao molho e a pensar no quão simples, sábias e bonitas foram aquelas palavras que acabei de ouvir de uma professora primária mais nova que eu, que nunca saiu daqui, que provavelmente nunca irá a lado algum e me deu uma lição de vida sem me pedir nada em troca…












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