Wednesday, September 16, 2009

China

Detalhe na Cidade Proibida, Pequim


Estádio Olímpico "Bird's Nest" the Herzog & de Meuron, Pequim


"blossom flower tea", Pequim


Cidade antiga de Kashghar, Província de Xinjiang


Comerciante de gado, Kashghar, Xinjiang


Lago Karakul, Xinjiang, fronteira da China com o Paquistão, Afeganistão e Tajiquistão


Palácio Potala, Lhasa, Tibete


Mt. Qomolangma aka Mt. Everest, o topo do mundo a 8.848m, Tibete


Mulher Tibetana na "Friendship Highway" em direcção ao Nepal



Dia 71: 11 Agosto de 2009 – Lago Karakul, Xinjiang, China


Acordo às 7h com uma melodia que tem tanto de familiar como de distante, um toque de telemóvel. Há tanto tempo que não tenho telefone que simplesmente já não me lembrava da existência dos mesmos e do quanto comprometem a nossa liberdade. É o telemóvel do João Pedro, um amigo de longa data que vive na China há mais de dois anos. Fomos ter com ele a Shanghai, onde vive e trabalha. Tirou uma semana de férias para irmos juntos para Xinjiang, a província mais ocidental da China, conhecida como a nova fronteira, o portal de acesso a paises como o Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão, Afeganistão e Paquistão.
Xinjiang, embora dentro do país China, é uma região completamente distinta do resto da China, pela sua cultura maioritariamente muçulmana, os Uigurs. À semelhanca do Tibete, é uma região administrativa autónoma da China, que tem a particularidade de não ter um Dalai Lama e daí nunca aparecer nas brochuras turísticas ou notícias ocidentais, a não ser, claro, quando algo trágico acontece, que foi o caso no dia 5 de Julho em Urumqui, capital de Xinjiang, há um mês atrás.
Desde o início da viagem que falo com o João por mail acerca do que iríamos fazer juntos, onde íamos, como iríamos... Ele, viajante convicto, já tinha visitado quase todas as províncias da China à excepção de Xinjiang. Eu proponho: "Vamos lá!" Após os motins em Urumqui no início de Julho, os media ocidentais inundaram as notícias e os emails de imagens bélicas da província de Xinjiang. O João envia-me um email com essas mesmas imagens e diz-me por telefone: "Aquilo está feio..." e pensamos num plano B, que passava por viajar por províncias no Sul da China, às quais ele já tinha ido, e, desta forma, ele não viria. Passam-se alguns dias e já em Pequim, alguns dias antes de partir para a Coreia do Norte, volto a falar com por telefone: "John! Marca essas férias. Vamos juntos para Xinjiang!"
Atendo o telefone do João. É o Horácio, o pai do João a perguntar onde estávamos pois tinha acabado de saber que houvera novos motins em Urumqui. Um avião vindo do Afeganistão, suspeito de conter bombas, foi desviado e gerou uma manifestação Uigur e consequentes "acções tranquilizantes" por parte dos militares chineses Han que patrulham intensamente a cidade num estado de sítio permanente.
Digo-lhe, tranquilizando-o, que estamos no Lago Karakul, perto da fronteira com o Paquistão, a mais de 15oo km de Urumqui, longe de quaisquer tumultos.
Saio do Yurt (tenda nómada) onde dormíamos e vou à procura do João para lhe contar. Ele está a tirar fotos na margem do Lago Karakul, com um chapéu Kazakh e todas as roupas que trouxe vestidas. Estamos a 3600 m de altitude e a temperatura ronda os 5 graus. Conto-lhe sobre o telefonema. Conversamos sobre as tensões Han-Uighur enquanto presenciamos o nascer do sol no Karakul, rodeado por cumes nevados com mais de 7000 metros, sem dúvida um dos lagos mais bonitos em que estive, numa província em estado de sítio...

leituras: Bradley K. MARTIN "Under the Loving Care of the Fatherly Leader: North Korea and the Kim Dynasty" (só comecei a ler este livro após regressar da Coreia do Norte, uma vez que é proibido dentro País)

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