Wednesday, September 16, 2009

Coreia do Norte

Painel do "Great Leader Kim Il Sung", nas ruas de PyongYang


As avenidas de 16 faixas num dia de semana, PyongYang


Guardas na DMZ (Zona desmilitarizada entre Coreias), Panmunjom


Norte Coreanas visitam a casa onde o Great Leader nasceu, Mangyondae


Cooperativa agrícola em Wonsan


Mulheres em traje de cerimónia preparam-se para a dança comemorativa do Victory's day



Dia 61: 1 Agosto de 2009 – PyongYang, Coreia do Norte para Dandong, China


Após o controle de fronteira em Sinuiju, Coreia do Norte cruzamos o Rio Yalu para Dandong, China. O sentimento é, e nunca o esperaria, de alívio de chegar à China. Alívio de voltar a ser um ser vivo, livre e com direito a pensar e expressar esse mesmo pensamento.
Em viagem existem aqueles momentos chave, sejam eles no princípio, meio, fim ou mesmo pós viagem (o que é mais comum em viagens de curta duração) em que percebemos que todo o esforço, todo o dinheiro gasto, todos os recursos dispensados para a realização da mesma foram pagos, foram repostos com uma experiência única e inigualável. A Coreia do Norte representou esse equilíbrio nesta viagem... E embora ainda tenha mais dois meses "de estrada" pela frente, tudo o que vier será um acrescento. A viagem está paga!
Uma semana na Coreia do Norte foi o suficiente e, o máximo que recomendo, para visitar o que é o país mais hermeticamente fechado do mundo e da realidade como a conhecemos.
Para um viajante insaciado e intrépido é natural começar a agrupar mentalmente os países segundo certas generalizações e imagens colhidas ao longo das viagens "esta praia faz-me lembrar o Caribe", ... "esta paisagem faz-me lembrar o Atlas Marroquino ou o Planalto Andino", ..."é uma típica cidade do Sudeste Asiático".... Este tipo de raciocínio surge naturalmente como surgem os temas nas prateleiras de uma livraria ou biblioteca: livros de ficção, poesia, científicos, arte e por aí. Se tivesse que arrumar o país "Coreia do Norte" na minha biblioteca pessoal este teria decidamemente uma prateleira própria, mais até teria uma sala própria, e na outra sala estariam todos os outros países.
O turismo na Coreia do Norte é uma jogada política do governo Norte Coreano para mostrar "abertura ao mundo ocidental" por interesses próprios. A Coreia do Norte nao quer turistas, pois estes são ameaças ao "paraíso" socialista que lá se vive e mancham o regime com a sua sujidade e imperialismo capitalista.
Desta forma, viajar pela Coreia do Norte é algo semelhante a ir a um cinema ver um filme - obra prima de Propaganda - em que a KITC (Korean International Tourism Company), promotora e realizadora do filme, nos conduz ao nosso lugar, pressiona o play, mostra apenas as partes que lhe interessa, censurando todas as outras, permanece durante toda a projecção do filme, controla a direcção do nosso olhar, controla a sala e todas as pessoas que lá trabalham, não permite diálogo durante o filme e quando terminado, conduz-nos à saída, isto é, a China.

No entanto, por mais exaustivo e eficiente que seja o controle, os turistas que vão à Coreia do Norte vão ler as entrelinhas das legendas, as partes que não é possível cortar, imagens e sensações dadas por um sexto sentido muito mais apurado que permite ter uma ideia do que lá se passa, e que, apenas torna tudo muito mais desafiante e gratificante.
Nao é um destino para gostar, é um destino para nos mudar, para mudar a nossa percepção do mundo e de nós próprios, para nos explicitar, da forma mais arrebatadora, a sorte que temos de não ter nascido lá...


leituras: Robert BYRON "The road to Oxiana"

2 comments:

  1. Não vou procurar igualar o meu discurso ao teu pois a minha veia poética deve andar adormecida. Tendo já tido oportunidade de falar com o teu irmão sobre a Coreia do Norte, fiquei estarrecida com alguns episódios.
    Aquele que mais me marcou, para além dos "voluntários" que limpavam a praia, foi, sem dúvida, o do Metro. Um país que contrata figurantes e disponibiliza carruagens de metro para esperar pelos turistas, como se isso fosse prática comum em qualquer outra cidade do mundo (às vezes bem que seria conveniente) e ainda julga que essa atitude passará despercebida é, no mínimo, ironicamente hilariante. Pessoalmente, acho delicioso que tenhas feito o metro esperar ainda mais e colocar o segurança em risco de ataque do miocárdio.

    De resto, só pergunto: quando estarás por Moçambique? Estou seriamente a pensar em visitar-te a ti e à Mariana por lá, talvez com a Vera e o teu irmão...Se nos receberem, claro!

    Beijinhos
    Sarah

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  2. It truly was an experience, wasn´t it? I often thought while there "where and how could it go this wrong??". I still have not come up with an answer. It just shows how important some choices in life are, that we all have to be really observant all the time not to let the evil win....ooops, I am starting to sound like Bush, better take care and should not have used the word "evil". But I guess when there is no freedom, there is only evilness....... beso, Sophie

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